Tripé alimentação, sono e atividade física são essenciais para a saúde mental, diz neurocientista
A neurocientista e psicóloga Rosana Alves, a convite da Atem, palestrou para colaboradores da empresa falando sobre estratégias práticas para a saúde mental, na última segunda-feira (30).
Difícil quem não assiste a uma palestra da neurocientista e psicóloga Rosana Alves e não quer, de imediato, começar uma atividade física, buscar se alimentar melhor e dormir pelo menos 8 horas por dia. Este é o tripé que, de acordo com ela, garante que você melhore consideravelmente sua qualidade de vida.
Rosana Alves é diretora acadêmica do Neurogenesis Institute (EUA) e veio para Manaus a convite da Distribuidora Atem para evento alusivo ao Janeiro Branco. As orientações para uma vida melhor foram passadas durante sua palestra “Neurociência e Saúde Mental: estratégias práticas para 2023”, na última segunda-feira (30), para os colaboradores, mas que está disponível no YouTube da Atem para quem quiser assistir.
A neurocientista deu uma verdadeira injeção de ânimo na plateia, mostrando com dados científicos como a alimentação adequada, a qualidade do sono e a atividade física diminuem, por exemplo, as chances de a pessoa adquirir doenças como o câncer. Em entrevista, antes da palestra, ela falou sobre outros assuntos e sobre o novo livro que irá lançar nos próximos dias “Vivendo abundância na falta”. Confira a entrevista abaixo:
Gostaria que a senhora explicasse, de maneira geral, o que é a neurociência e como ela pode ajudar as pessoas?
A neurociência é um campo científico que estuda o sistema nervoso a fim de trazer mais entendimento sobre como funcionamos para que, a partir deste conhecimento, possamos gerar mais saúde e mais qualidade de vida para as pessoas.
Há quanto tempo a senhora estuda a neurociência?
Estudo há 25 anos. Comecei na década de 90, fiz mestrado, doutorado e dois pós-doutorados no Brasil e fui para os EUA fazer um terceiro pós-doutorado e trabalhar para o governo norte-americano, quando por lá fiquei e estou há 10 anos. Comecei nas neurociências quando ainda não eram tão conhecidas no Brasil, mas que para mim fazia todo o sentido entender como funciona a parte menorzinha dos nossos neurônios, das nossas proteínas etc, para até poder trazer às pessoas conhecimentos como os de que uma depressão ou perda de memória não são escolhas dos indivíduos, mas que o cérebro passa por transformações que levam a esses comportamentos. Então, não é apenas a minha vontade, a minha decisão, mas existe algo ali físico, que está levando a essas mudanças.
Nos últimos anos, temos ouvido falar mais sobre burnout, transtorno de ansiedade, depressão. A senhora acha que as pessoas estão mais conscientes sobre esses problemas ou de fato o período de pandemia acentuou isto tudo?
É um conjunto. Avançamos muito nesse entendimento de quem é o ser humano; sabemos que a ciência avançou muito, mas não temos o conhecimento completo. Por outro lado, as pessoas estão tendo mais acesso e conseguem fazer uma leitura melhor do que está acontecendo com elas e ao seu redor, mas é preciso entender que por conta da pandemia nós, de fato, adoecemos um pouco mais. Tivemos os impactos para nossa saúde física e emocional. Percebemos uma alteração na qualidade da memória das pessoas, doenças que acentuaram seus sintomas naqueles que contraíram o vírus e também emocionalmente as pessoas foram mais impactadas.
De que maneira a neurociência nos ajuda a lidar com esses problemas?
Posso falar das estratégias para lidar com a recuperação dessa memória que se perdeu ou quando temos o entendimento de qual é a medicação mais indicada para uma depressão ou para um distúrbio do sono para quem ficou muito preocupado com a pandemia. A ciência nada mais é do que uma investigação mais metodológica do que acontece com o ser humano e, por seguirmos um passo a passo muito esclarecido, fica mais fácil ensinar esse caminho para as pessoas seguirem.
Pode citar alguma estratégia que seja a mais importante?
Temos um conjunto de estratégias porque somos seres integrais, com todas as áreas conectadas dentro de nós, mas vou falar um pouco sobre a importância do sono, por exemplo, porque está entre as variáveis centrais para o cuidado que devemos ter não apenas no pós pandemia, mas também para nossas rotinas do dia a dia, desde quando estávamos na barriga de nossa mãe. Quando entendemos a importância do sono e como lidar com ele, nós melhoramos muito a nossa qualidade de vida não apenas nos aspectos físicos, mas emocionais também. Não existe nenhum transtorno mental que não tenha um distúrbio do sono envolvido e, por isso, é tão importante falar sobre isso. Faz parte da vida de todo mundo e a maioria tem o sono ineficiente e menos do que o necessário [7 a 9 horas por dia]. A gente fala que mais de 30% da população tem uma queixa do sono. Então, é um assunto que precisamos sempre insistir.
A senhora escreveu o livro “Neurociência da felicidade”. É possível ser inteiramente feliz?
Gosto muito de dizer que ser feliz é também saber ser triste, ficar triste. Porque a nossa vida é feita de uma complexidade de condições de estímulos que recebemos do meio. No livro, eu falo que ser feliz é gostar de viver e quem gosta de viver cuida da saúde física e emocional; sabe que os problemas existem e que atua sobre eles para que não durem mais do que o necessário e não tomem mais tempo do que aquele que é preciso para que resolvamos nossas demandas.
A senhora está trabalhando em algum livro novo?
Sim, saiu do forno na semana passada, chama-se “Vivendo abundância na falta”, onde eu trago um conteúdo mais voltado para o público feminino, mostrando o quanto podemos fazer das mazelas da vida, um novo caminho, mudando as nossas histórias. É independente e iremos começar a falar dele na próxima semana.
Sobre a Atem – O Grupo Atem, com mais de 30 anos de fundação, é composto por diversas empresas no ramo de combustíveis, logística rodoviária e fluvial, construção naval e refino de petróleo, entre outras. O Grupo está presente em 13 estados do Brasil, possuindo, a Distribuidora, mais de 300 postos franqueados, 7 bases de distribuição ativa, 2 bases em construção e milhares de clientes ativos, além de capacidade de movimentação de 5 bilhões de litros de combustíveis por ano.
Crédito: Caio de Biasi